Um jipe para a selva urbana

14/03/2019

A Volkswagen aposta todas as suas fichas no T-Cross para enfrentar o disputado segmento de SUVs compactos. No ano passado, segundo dados da Fenabrave, foram emplacados mais de 512,3 mil SUVs no Brasil, sendo que os compactos desse segmento representaram quase 301 mil unidades.

Belo Horizonte foi escolhida para sediar a primeira apresentação e test drive da imprensa automotiva, o que ocorreu ontem (13/3) em um percurso de aproximadamente 100 quilômetros de rodovias e estradas vicinais que cortam as montanhas de Nova Lima e Brumadinho.

Versão superior do VW T-Cross acelera de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos.
O T-Cross chega ao mercado em quatro versões e duas opções de motorização, mas apenas a versão mais cara e sofisticada foi experimentada na apresentação em BH. É a versão Highline 250 TSI, equipada com motor flex de 1,4 litros turbo, que desenvolve potência de 150 cv, e transmissão automática de seis marchas.

Seu design, qualidade de acabamento, conforto interno, desempenho e potência tem realmente predicados para conquistar os consumidores em busca de um SUV compacto e, importante, de personalidade principalmente urbana. Ele só é oferecido com tração 4x2 dianteira, e um de seus destaques é a ampla oferta de conectividade, que a VW aposta como atrativo essencial para conquistar principalmente o público jovem.

Versão brasileira do VW T-Cross tem maior distância entre eixos e altura em relação à alemã.prida e mais

Nesse setor o pacote de ofertas é rico. Traz de série na versão Highline tudo o que hoje já é comum nos carros mais equipados (câmera de ré, sensores, aplicativos de conexão, display com comando touch, espelhos retrovisores elétricos rebatíveis, entre outros de uma extensa lista). Como opcionais a versão Highline oferece uma tela digital combinada com todas as funções, de 8 polegadas, comando de voz, entrada USB no console central e seletor do modo de condução. Um segundo pacote de opcionais inclui o sistema Park Assist (de estacionamento autônomo), faróis Full Led com luz de condução diurna e sistema de som premium com subwoofer “Beats sound”. O terceiro pacote traz o teto solar panorâmico. Apenas com os itens de série o T-Cross Highline tem preço sugerido de R$ 109.990. Com todos os opcionais esse valor sobe para R$ 124.840.

Volkswagen aposta na alta conectividade do T-Cross para conquistar jovens consumidores.

Outro atrativo do T-Cross é a bem completa oferta de itens de segurança e conforto. Além de seis airbags, ar condicionado, assistente de partida em subidas, ele oferece em todas as versões sistema de controle de estabilidade, controle de tração, bloqueio de diferencial, faróis de neblina com função cornering light (com facho de luz que acompanha a curva), Isofix, entre outros. A novidade é o BSW, um sistema que faz a limpeza automática dos freios a disco nas quatro rodas, aumentando a eficácia das frenagens. Para as versões superiores os pacotes de segurança ganham novos itens como piloto automático, indicador de controle de pressão dos pneus, sistema de frenagem pós-colisão, até sistema detector de fadiga do motorista. Ou seja, o T-Cross tem tudo para ganhar pontuação máxima nos testes de segurança do LatinNCAP. Obviamente um preço adicional é cobrado por isso, o que o torna um dos mais caros da categoria.

O novo SUV da Volkswagen, produzido na fábrica de São José dos Pinhais (PR), mede 4.192 mm de comprimento e 1.568 mm de altura (10 mm mais alto que o T-Cross europeu). A distância entre eixos do modelo que será produzido no Brasil é a maior do segmento: 2.649 mm (86 mm a mais do que a distância entre eixos do T-Cross europeu). Isso quer dizer que o T-Cross é maior do que o Novo Polo. Porta-vozes da VW dizem que o T-Cross e o Novo Polo agregam variedade ao segmento, fragmentado em dois tipos de veículos independentes. O espaço e o conforto interno são adequados a um SUV do segmento compacto e equivale ao que também oferece os concorrentes.

O tamanho do porta-malas, importante para quem procura um SUV, no T-Cross é de 373/420 litros (dependendo da posição do encosto do banco traseiro), segundo a ficha técnica divulgada pela VW. Nesse aspecto o VW leva vantagem em relação ao Jeep Renegade (320 litros), perde para o Honda HRV (437 litros) e para o Nissan Kicks (432 litros).

Nos poucos mais de 100 quilômetros ao volante do T-Cross, versão Highline com motor 1.4 flex turbo, o novo SUV VW foi aprovado em nossa avaliação. A dirigibilidade é aquela típica de carros alemães, que passa a sensação de solidez e segurança. As acelerações, retomadas, se mostraram firmes e precisas, com respostas rápidas mesmo em trechos de rampas quase radicais nas fechadas curvas da estrada da Serra do Rola Moça em Brumadinho. O trabalho dos amortecedores e suspensão, no entanto, foram notados em pavimentos de maior irregularidade. Por se tratar de um SUV voltado para o uso urbano isso não é lá muito grave, mas merece uma avaliação mais extensa para verificar o comportamento e resistência do sistema a longo prazo. Abastecido com gasolina, o consumo médio verificado no computador de bordo do T-Cross que nossa reportagem utilizou terminou o percurso marcando 7,6 km/l.

Os principais concorrentes do T-Cross, segundo a VW, são o Honda HR-V, Hyundai Creta e Jeep Renegade. Causou estranheza a ausência nesta lista do Nissan Kicks, que terminou 2018 com 46,8 mil unidades, pouco à frente do Renegade. O SUV compacto mais vendido em 2018 foi o Hyundai Creta, que teve 49 mil unidades emplacadas. Na decisão de compra é bom lembrar que dois dos concorrentes nacionais citados pela VW têm versões automáticas com preço semelhante ao do T-Cross manual. Um é Hyundai Creta 1.6 (R$ 84.490) e outro, o Jeep Renegade 1.8 (R$ 85.990). Outros exemplos de concorrentes nacionais automáticos com preço de T-Cross manual são o novo Chery Tiggo 5X 1.5 turbo (R$ 86.990), o Ford EcoSport 1.5 (R$ 84.990) e o Nissan Kicks 1.6 (R$ 83.490).

Agora é colocar na balança os pros e contras, a importância que se dá à questão segurança, conectividade, acabamento, capacidade de carga e preço, para decidir qual deles comprar. É também interessante checar as ofertas de revisões programadas incentivadas, hoje oferecidas por todas as marcas, custos de manutenção e seguro.

Fábio Doyle