Motores renovados

02/12/2016

CURITIBA (PR) - A Renault fecha 2016 lançando dois novos motores. O destaque fica com o esperado três cilindros 1.0 SCe (SmartControlEfficiency) para a linha Sandero e Logan. É o sétimo com três cilindros na indústria brasileira. No embalo vem também o novo 1.6, quatro cilindros, para o Sandero, Logan, Duster e Duster Oroch.

Assinados pela Renault Tecnologia Américas (RTA) e produzidos no Complexo Ayrton Senna, no Paraná, o baixo consumo, aliado a maior desempenho foram as prioridades no desenvolvimento dos novos propulsores. Sandero e Logan já estão à venda com as novas motorizações. Duster e Duster Oroch passam a ser equipados com a novidade a partir da segunda metade de dezembro.

O 1.0 SCe 12V de três cilindros traz inovações como duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape, tecnologia inédita entre os motores de entrada. Todo em alumínio, é 20 kg mais leve que o seu antecessor. Já o 1.6 SCe 16V de quatro cilindros traz duplo comando de válvulas variável na admissão e injetores posicionados no cabeçote. Também em alumínio, é 30 kg mais leve.

O “know-how” dos novos motores foi adquirido a partir da experiência Renault nas pistas da Fórmula 1. Das pistas, veio a tecnologia ESM (Energy Smart Management) e a bomba de óleo com vazão variável, que reduzem o consumo de combustível. Outra novidade é a adoção da direção eletro-hidráulica (evolução intermediária entre a hidráulica e a elétrica, a mais moderna) em todas as versões.

O motor 1.6 SCe traz ainda o cada vez mais comum Stop&Start, que desliga o automóvel automaticamente em semáforo ou outras paradas. Esse sistema promete uma economia de até 5% de combustível e está disponível nos modelos Sandero e Logan. Os modelos equipados com o câmbio automatizado Easy’R passam a oferecer controle de estabilidade (ESP) e assistente de partida de rampas (HSA). O motor 1.0 está preparado para receber o sistema Stop&Start, mas não é ofertado nem como opcional porque os resultados de consumo e emissão de gases poluentes já estão dentro das exigências da lei brasileira, disse Guilherme Smijtink, responsável pelo desenvolvimento de motores da Renault do Brasil. Na Europa, com regras mais rígidas, os carros Renault equipados com motor 1.0 SCe - da geração anterior - o Stop&Start é de série.

O novo motor1.0 SCe deixa o Sandero e Logan até19% mais econômicos. Com o 1.6 SCe, a economia chega até 21%.Hatch e sedã equipados com os novos motores e câmbio manual receberam nota "A" do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). Já Duster e Duster Oroch equipados com o 1.6 SCe estão até 18% e 16% mais eficientes, respectivamente, afirma o fabricante.

Com os novos motores 1.0SCe e 1.6 SCe, Sandero e Logan ficam entre os carros mais econômicos de suas categorias (na cidade e com gasolina), segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). O hatch 1.0 é o único modelo de seu segmento a superar a casa dos 14 km/l, enquanto o sedã 1.0 se destaca pelo consumo de 13,8 km/l. Com o motor 1.6, o hatch atinge a marca de 12,8 km/l, enquanto o sedã chega a 13 km/l. Já o Duster 1,6 dá um salto de 9,5 km/l para 11,3 km/l com o novo motor. Em percurso de aproximadamente 30 km no centro urbano de Curitiba, o consumo médio obtido por nossa reportagem ao volante de um Sandero equipado com motor 1.0 SCe foi de 10,2 km/litro de gasolina, segundo registrou o computador de bordo.

O 1.0 SCe oferece 90% do torque máximo (10,5 kgfm) já a 2.000 rpm, um número 15% superior ao do antigo 1.0. Para mobilidade em estrada, o motor 1.0 SCe permite ultrapassagens com mais segurança, já que as retomadas são até 6% mais rápidas (80 a 120 km/h em 14,1 seg). Já a aceleração de 0 a 100km/h está 8% melhor, com a marca de 13,0 s (etanol).

O 1.0 SCe ganhou potência em relação a seu antecessor. O motor gera 82 cv quando abastecido com etanol e 79 cv com gasolina – 2 cv a mais que o antigo quatro cilindros, seja com qual for o combustível, explica Márcio Melhorança, Gerente Geral de Engenharia Motores da Renault. Outra evolução é a utilização de corrente de distribuição no lugar de correia, que dispensa a troca e reduz custo de manutenção.

Com o novo motor 1.6 SCe a potência máxima de Sandero e Logan saltou de 106 cv para 118 cv, com etanol, um ganho de 11,3%. Com gasolina, a potência saltou de 98 cv para 115 cv, um aumento de 17,3%. O torque também é maior no novo motor: 16,0 kgfm, seja com gasolina ou etanol. Já a aceleração de 0 a 100 km/h pode ocorrer em 10,3 segundos (ganho de 3,7s em relação ao antigo motor). A retomada de 60 – 100km/h está quase 4 segundos mais ágil (9,2s).

No Duster e Duster Oroch o novo motor 1.6 SCe oferece 118 cv com etanol e 120 cv com gasolina. O torque máximo é de 16,2 kgfm com ambos os combustíveis.

O Sandero e Logan equipados com o câmbio automatizado Easy’R passam a oferecer controle eletrônico de estabilidade (ESP) e assistente de arrancada em subidas (HSA), que é acionado quando o carro se encontra em uma inclinação superior a 3°.

Assim como o 1.0 SCe, o novo 1.6 SCe utiliza corrente de distribuição no lugar de correia, que dispensa a troca.

Homônimo diferente

Um motor 1.0 SCe de três cilindros, homônimo ao que acaba de ser lançado no Brasil, equipa desde 2014 o subcompacto Twingo fabricado e vendido na Europa. Lá, é ofertado na versão aspirada, com potência de 70 hp e também na versão turbo, que recebeu o nome de TCE, com potência de 90 hp ou ainda na versão GT (esportiva) 110 hp.

Esse motor europeu é do mesmo tamanho do propulsor agora fabricado no Brasil, mas trata-se de uma geração que está em vias de se aposentar, tanto é que será em breve substituído pelo irmão recém-nascido em São José dos Pinhais, no Paraná, informou a Renault Brasil. Os novos motores fazem parte de um projeto global, que pretende promover a exportação a partir do Brasil para vários mercados, inclusive o europeu.

A construção no Brasil de uma versão turbo do novo motor de três cilindros não está nos planos de curto prazo da Renault, informou Guilherme Smijtink, nem mesmo para substituir os atuais propulsores que equipam a versão turbinada do Twingo na França, acrescentou.

Sobre a utilização do propulsor 1.0 SCe no Kwid, o SUV compacto que a Renault planeja lançar no Brasil, o engenheiro da Renault informou que isso não ocorrerá. Adiantou que como será um veículo mais leve, ele deverá receber sim um motor três cilindros derivado do 1.0 SCe, mas ainda mais simples e leve.

Uma surpresa foi a manutenção do tanquinho de gasolina para auxiliar a ignição do motor quando abastecido com etanol. Esse equipamento já foi abolido e substituído por tecnologia que resolve a questão de outra forma por quase todas as montadoras, mas a Renault informou que a eliminação do tanquinho não é prioridade nesse projeto.

Preços

Os preços, segundo Bruno Hohmann, diretor de marketing, subiram em valor equivalente ao economizado durante um ano de uso. Isso significou aumento de R$ 600 nos Sandero e Logan equipados com o novo 1.0 SCe, e de R$ 800 a mais na tabela de ambos os modelos com motorização 1.6.

Com isso, os preços do Sandero 1.0 agora variam de R$ 42.400 (Authentic) a R$ 44.950 (Expression), e além dessas duas versões foi lançada a edição limitada Vibe, restrita a 9,5 mil unidades, que está à venda por R$ 47.100, com pintura e acabamento interno especiais, além de pacote máximo de equipamentos, incluindo ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, vidros dianteiros, retrovisores e travas com acionamento elétrico, computador de bordo, indicador de troca de marchas, sensor de estacionamento e sistema multimídia Media NAV Evolution com tela touchscreen de 7 polegadas, navegação GPS, rádio, conexão Bluetooth, USB e as funções EcoCoaching e EcoScoring.

Nas versões 1.6, o Sandero Expression agora sai por R$ 49.770 com câmbio manual e R$ 54.420 com automatizado. A versão topo de linha Dynamique custa R$ 53.500 e R$ 58.550, e a GT Line R$ 54.620. O aventureiro Sandero Stepway também ganhou o novo motor 1.6 SCe e agora é vendido por R$ 59.720, ou R$ 63.070 automatizado.

No caso do Logan 1.0 Authentique o preço subiu para R$ 46.300 e a versão Expression custa R$ 48.200. O 1.6 Expression começa em R$ 52.750 ou R$ 57.350 com câmbio automatizado Easy-R, e o Dynamique sobe para R$ 56.400 e R$ 61.400.

(*) Viajou a convite da Renault do Brasil

 

Fábio Doyle (*)