AMG GT tem 911 como principal rival
O palco foi montado em Affalterbach, sede da Daimler na Alemanha, como a reta de chegada de um circuito de corridas. Com 400 convidados na plateia, tudo foi preparado para o momento que a Mercedes Benz iria retirar o véu do AMG-GT, o novo carro superesportivo que chega para ser o “embaixador da marca”, nas palavras de Tobias Moers, o chefe da AMG (a divisão de carros esportivos na marca alemã). O GT irá ajudar a AMG a se posicionar como uma marca de carros esportivos e sustentáveis, revelou.
O GT é equipado com um motor 4.0 V8 com potência de 510hp ou 462hp. O de 510 hp acelera de 0 a 100 k
m/h em 3,8 segundos e tem velocidade máxima de 310 km/h.
O alvo que a Mercedes Benz mira com esse lançamento é o Porsche 911 coupé. Para seduzir os compradores Porsche, o AMG GT foi projetado para competir nas pistas, disse Moers, acrescentando que o carro conseguiu a volta de sete minutos e 36 segundos em Nordschleige na Alemanha, o desafiador traçado norte do circuito de Nuerburging.
O GT chega para criar uma nova aura de esportividade e dinamismo, que a Mercedes Benz vem buscando para conquistar consumidores mais jovens, que já há algum tempo têm dado preferência à BMW.
O carro, que será oficialmente lançado no Salão de Paris na primeira semana de outubro, chegará aos revendedores europeus em março de 2015 e ao mercado dos Estados Unidos em abril. Os compradores chineses terão de esperar mais dois ou três meses e no Brasil a Mercedes Benz do Brasil informa que ele chega no primeiro semestre de 2015, sem especificar o mês. Na Alemanha o GT de 46
2hp irá custar 115.430 euros (R$ 343 mil) e o de 510hp GT S, 134.350 euros (R$ 398 mil).
O carro foi apresentado como o de carroceria mais leve no segmento, graças ao uso intensivo de alumínio – mais de 90% dos componentes de sua estrutura. O GT tem peso de 1.540 kg. A versão de 462hp, segundo o fabricante, registra consumo de 10,7 km/l e o nível de emissão de CO2 é de 216 gramas por quilômetro.
O motor tem os turbos montados no interior com lubrificação a seco, o primeiro nessa categoria, combinação que resultou em um motor mais compacto instalado em posição mais baixa.
Com a alteração do centro de gravidade do carro para mais próximo ao piso e obtendo uma distribuição do peso (dianteiro e traseira) quase igual, o GT ganha muito em estabilidade para fazer curva
s de alta velocidade. Ele tem transmissão de dupla embreagem e sete marchas e suspensão em alumínio de braço duplo que ajuda o motorista em uma condução mais precisa.
A Mercedes ressalta que o AMG GT é rápido nas pistas de corrida mas é também agradável e amigável no uso diário em trânsito urbano.
O GT irá concorrer também com o Audi R8 e o BMW i8 plug-in (elétrico), mas a meta principal parece ser mesmo conquistar parte dos 30 mil 911 coupé vendidos anualmente pela Porsche.
A Mercedes se limita a dizer que espera vendas anuais para o AMG GT na casa das mil unidades e não na de dez mil unidades. Segundo estimativas a consultoria IHS Automotive, a vendas do GT atingirão seu pique com 6.500 veículos em 2016.
Analistas que acompanharam o lançamento do AMG-GT dizem que o investimento da Mercedes em um GT foi
uma necessidade. Argumentam que, para as marcas “premium” já não basta desenvolver versões mais potentes a partir de seus sedãs, como é o caso do E 63 AMG e do Audi RS 7 Sportback. Os fãs da BMW há muito tempo reclamam da falta de um substituto para o M1 e só recentemente a marca resolveu a questão com i8, esse sim esportivo desde a “gestação”. Carros esportivos de alto desempenho como esses definem os fabricantes “premium” e constroem a aura de excelência de uma marca.
O GT é a continuação lógica da recente tendência da Mercedes em direção aos carros de aparência mais esportiva, disse Marc-Rene Tonn analista da M.M. Warburg, acrescentando que ele só chega agora porque a marca tinha prioridades maiores antes de soltar um modelo que deve vender menos de 10 mil unidades por ano.
"A Mercedes estava ocupada em criar toda sua gama de produtos e seu foco tem sido nos modelos que vendem em larga escala, os chamados de volume. Nessa toada criou um novo design para o segmento compacto agora mais amplo, relançou a nova geração do Classe C e S, assim como a plástica marcante por que passou o Classe E” disse.
Com a expansão da AMG além das versões especiais de Mercedes, a Daimler pode agora se considerar apta a competir de igual para igual com os produtos Porsche, Maserati e Jaguar, completou Neil King, analista da Euromonitor, de Londres. Carros como o GT “tem um efeito mágico sobre o resto da gama”, disse.
A marca registrada da AMG são os motores que vêm assinados pelo técnico que os constrói quase que artesanalmente. O mesmo vale para o GT, que define um limite de volume que a unidade pode produzir. O ponto é criar uma aura na linha de produtos em vez de se preocupar em vendas crescentes.
AMG oferece hoje 21 veículos - quase todos versões derivadas de sedã como a do Classe S, de 235 mil euros (quase R$ 700 mil) – contra 17 cinco anos atrás. A oferta inclui compactos como o Classe A45 de 50 mil euros. (R$ 148 mil), no Brasil vendido por R$ 270 mil.
Com a ajuda de uma linha mais ampla, as vendas da AMG duplicaram em cinco anos para aproximadamente 32.200 veículos em 2013, atingindo a meta anual quatro anos antes do previsto.
A voz corrente é que o AMG-GT chega para substituir o SLS, o cobiçado asa de gaivota. Moers diz, no entanto, que ele está posicionado abaixo do SLS, que deixou de ser produzido há dois meses e, por enquanto, não há planos para um sucessor. O GT será produzido na fábrica de Sindelfingen, Alemanha, que é também o berço dos sedãs Classe S.
O AMG-GT é parte dos planos da Daimler de lançar 12 inteiramente novos modelos Mercedes-Benz até 2020 com a meta de ultrapassar a BMW como a marca que lidera as vendas mundiais de automóveis de luxo, após perder o primeiro ligar em 2005. Hoje a Mercedes é a no. 3 depois da Audi.
INFOGRAFIA
Resumo dos modelos
Mercedes-AMG GT S Mercedes-AMG GT
Motor (cc) 3.982 3.982
Potência (hp/rpm) 510/6250 462/6000
Torque máximo (Nm/rpm) 650/1750-4750 600/1600-5000 rpm
Consumo (km/l) 10,6 10,7
CO2 emissões (g/km) 219 216
Peso (kg) 1570 kg* / 1645 kg** 1540 kg* / 1615 kg**
Relação peso-potência (kg/hp) 3.08* / 3.22** 3.33* / 3.49**
Aceleração 0-100 km/h (s) 3.8 4.0
Velocidade máxima (km/h) 310*** 304****
* Condição (tanque de combustível cheio em 90%, sem motorista e bagagem); ** Condição (tanque de combustível cheio em 90%, com motorista (68 kg) e bagagem (7 kg); *** Limitada eletronicamente.