Gato por lebre ou vinil por couro

25/09/2016

Com a desculpa, esfarrapada, de ser mais ecológico, os fabricantes de automóveis passaram a revestir os bancos de vários de seus carros como o que chamam de couro ecológico ou couro sintético, entre outros nomes criados para dourar a pílula da enganação. Trata-se na verdade de vinil ou plástico, com uma textura mais elaborada, que quase convence os menos atentos.

Tudo bem se a informação fosse clara e transparente e se não utilizassem nomes falsos para dar a aparência de sofisticação. Em mercados mais evoluídos e exigentes isso não pode acontecer. Plástico é plástico, couro é couro, manteiga é manteiga, margarina é margarina. Na França por exemplo, país que produz as melhores manteigas do mundo, ai do fabricante de margarina que tentar iludir o consumidor. Lá a regra é tão séria que nomes “fantasia” são proibidos. Para se ter uma ideia do rigor, lá margarina não pode nem mesmo ter a cor amarela como a manteiga. Tem que ser branca para não deixar dúvidas de ser o que realmente é.

Foi o que nos disse um leitor canadense, que hoje mora em Belo Horizonte, ao relatar a epopeia que vive com a concessionária Suzuki da cidade, onde comprou um Gran Vitara.

A versão escolhida foi a básica, que tem revestimento dos bancos em tecido. Como o comprador queria os bancos revestidos em couro, o esperto vendedor logo ofereceu o acabamento em couro como acessório ao preço adicional de R$ 1.650. Um tapeceiro terceirizado faria o serviço com “a garantia da concessionária”. A proposta foi aceita, o valor foi pago.

Executado o trabalho o carro foi entregue ao comprador, que de imediato não notou que havia sido enganado. Só foi notar a malandragem quando, alguns meses depois, o revestimento apresentou sinais de desgaste e rasgou. Ao examinar o material no local do rompimento caiu em si que o material usado era vinil imitando couro.

Não deu outra. Como consumidor ciente de seus direitos, lá foi o nosso amigo canadense reclamar com o vendedor e exigir os seus direitos. É a fase das explicações sem sentido e engabelações. Depois de muita discussão e justificativas inócuas a conversa terminou com o vendedor dizendo a seguinte frase: “Nós não trabalhamos com couro”. Ao que respondeu o irado cliente: “Eu também não! ”

O protesto desse consumidor está no Procon. Informamos à Suzuki Brasil sobre o caso e pedimos que nos enviassem seus comentários, questionando também se o acabamento em couro oferecido pelo fabricante como opcional em algumas versões do Gran Vitara é couro de verdade ou não. Até a data de publicação deste texto a Suzuki não havia se manifestado.

Fábio Doyle